Estimar a população imunizada
Desenvolvido no tempo recorde de cinco meses, o kit IgG da UFMG é o primeiro teste 100% brasileiro para a detecção da produção de anticorpos. Agora, com o avanço da vacinação e o início da queda do índice de infectados, esse tipo de diagnóstico – que mapeia não a infecção, mas a produção de anticorpos ocorrida no organismo pós-vacinação e/ou infecção – volta a ter importância fundamental no combate estratégico à crise sanitária, avalia Flávio da Fonseca.
O teste poderá colaborar para esclarecer a duração da imunização pela vacinação, por exemplo, de acordo com segmentações específicas, como tipos de vacinas, quantidade de doses, perfis de públicos, entre outras. “É um teste que poderá ser usado em estudos por amostragem, por exemplo, capazes de estimar o percentual da população efetivamente imunizada à medida que a vacinação avança”, exemplifica o professor. Além disso, o teste também pode colaborar no esforço para indicar mais precisamente qual seria o percentual necessário de vacinados para se alcançar a imunidade coletiva, estágio que possibilitará o retorno da sociedade a uma vida comunitária mais segura.
O teste foi integralmente desenvolvido pelo CTVacinas. A professora Ana Paula Fernandes coordenou o projeto que resultou na prototipagem do kit. O professor Ricardo Gazzinelli, que também é pesquisador da Fiocruz Minas, conduziu o processo de escalonamento que viabilizou a produção industrial do teste. Santuza Teixeira e Natália Salazar trabalharam na expressão da proteína recombinante. Flávio da Fonseca, por sua vez, atuou na identificação e seleção do antígeno, no desenho do gene recombinante, na obtenção e construção do banco de soro usado para validar o kit. A residente de pós-doutorado Flávia Fonseca Bagno também participou dos estudos.
As pesquisas foram financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas (INCT-V) e pela Rede Vírus, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). No âmbito da Rede Vírus, há um projeto nacional chamado Laboratórios de Campanha, que é coordenado por Ricardo Massensini, pró-reitor adjunto de Pesquisa da UFMG e pesquisador do ICB. Os testes também estão sendo ofertados dentro desse projeto”, explica Flávio da Fonseca. Além da Bio-Manguinhos, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) iniciou a produção de insumos biológicos para o teste.